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De vilões na educação, videogames passam a ser vistos como ferramenta para aprendizagem e desenvolvimento.
Que mãe não sente uma ponta de preocupação ao observar o filho passar tempo demais diante da televisão ou do computador jogando videogame? Vistos como vilões do desenvolvimento escolar, os jogos eletrônicos fascinam crianças, adolescentes e até adultos. Não por acaso é uma das indústrias de entretenimento mais lucrativas do mundo.
Para muitos pais, os games pouco ou nada acrescentam no aprendizado dos filhos. Ledo engano. Se bem empregados, podem se tornar uma ferramenta educativa bastante útil para desenvolver habilidades e capacidades. E ainda despertar o interesse para assuntos que estariam longe da realidade de uma criança não fosse aproximada pelo mundo virtual.
A pesquisadora do Departamento de Educação da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Nuria Pons Camas, que estuda o uso de tecnologias digitais na formação de professores, afirma que os jogos, principalmente os educativos, ilustram, auxiliam e potencializam diversas inteligências. “Com o videogame o conteúdo sai do abstrato e passa para o concreto”, afirma, citando como exemplo games que se passam na Antiguidade e são uma ótima oportunidade para transmitir conteúdos de História, Arte e Geometria. “Além de proporcionar um desenvolvimento motor incrível”, completa. Hoje, com os sensores de movimento acoplados aos consoles, é possível praticar as mais diversas modalidades esportivas.
Para Fábio Vinicius Binder, coordenador da especialização em Desenvolvimento de Jogos Digitais na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), os games têm menos benefícios que os jogos de tabuleiro, mas são mais educativos do que a televisão, por exemplo, por causa da interatividade. “A criatividade que alguns jogos desenvolvem é bem bacana”, diz.
Além disso, ao contrário do senso comum, os games não são necessariamente atividade solitária. “Existem jogos cooperativos e competitivos que fazem as crianças aprenderem quando devem se ajudar e quando são concorrentes”, conta Binder. “Em games das redes sociais, por exemplo, se joga com os amigos dos amigos, numa interação com pessoas reais. É uma convivência saudável entre pessoas desconhecidas e permite o desenvolvimento ético e social”, destaca Nuria.
A pesquisadora lembra que antes de proibir um jogo violento é preciso entender o game e dialogar com o filho sobre o assunto. “Essa troca é muito saudável. Não se deve prender a criança ou o adolescente, mas ensiná-los a serem críticos”, diz. “Acho que a educação de valores é mais importante que a censura por idade. A violência fica no videogame, o resto se resolve com o diálogo”, concorda Binder.
Universidade
Professora associa conteúdos de games com as aulas que ministra
A professora Rita de Cássia Santos, de 39 anos, acredita nos benefícios do videogame na formação do filho Thiago Santos, de 17. “Estamos em um mundo em que não se vive sem essa tecnologia e existem muitos benefícios que os jogos trazem”, afirma ela, que joga junto com o filho desde o primeiro contato dele com os jogos, há dez anos.
Rita, que leciona História na Universidade Federal do Paraná (UFPR), enxerga nos games uma possibilidade de fazer associações entre os conteúdos que ministra em sala de aula e a realidade mais próxima de crianças e adolescentes. “É o passado que está no presente do aluno muitas vezes através da internet e do videogame”, diz.
Um exemplo de como a relação entre pais e filhos pode ser bastante saudável, a professora conta que entre os jogos que compartilha com Thiago prefere aqueles que exigem alguma habilidade que ela domina. “Procuro sempre disputar com ele os jogos que consigo ganhar, como os de bambolê ou esqui, que eram coisas que eu brincava. Mas os que exigem habilidades mais específicas ele sempre ganha, como os de futebol.”
Rita e Thiago gostam de jogar o Wii Sports, que permite que o jogador reproduza os gestos e movimentos como se estivesse praticando esportes, como tênis, boliche e beisebol. O Wii Sports, que já vendeu mais de 78 milhões de unidades em todo o mundo, segue sendo o game mais vendido de todos os tempos.
“Acho que a educação de valores é mais importante que a censura por idade. A violência fica no videogame, o resto se resolve com o diálogo.”
Fábio Vinicius Binder, coordenador da especialização em Desenvolvimento de Jogos Digitais na Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR)
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